
Sobre coisas estranhas
Azucena Maizani reclamava consigo mesma que Pedro Noda estava atrasado. Tinha marcado com ele ali há pelo menos trinta minutos e nada dele aparecer. Estaria gravando com Carlos Dante? Ou estava “amarelando”?
Se bem que não ficaria surpresa caso ele decidisse pular fora. Ainda era difícil lidar com aquela inacreditável situação ocorrida no dia dos quinze anos de Matilde Olmos y Piñedo. Ela mesma dormira mal algumas vezes em razão de horrendos pesadelos tidos com o finado Magaldi atacando seu pescoço intencionando chupar seu sangue. Inclusive estava usando corretivo para disfarçar as olheiras causadas por tal coisa. Também, aquela roupa preta mais a capa parecia às usadas pelo húngaro Lugosi naquele filme de 1931 que tinha feito muita gente pular da cadeira.
Os cantores haviam combinado de ir à Universidade de Buenos Aires para ter uma conversa com o professor Elijah Colman. Conheciam-no da festa da menina Matilde e sabiam sobre ele ser especialista em assuntos estranhos. Pelo menos era assim que outros chamavam a incrível atração dele por ocultismo e sobrenatural. Especialmente a fixação dele pelos chamados “vampiros”. Nenhum dos “tangueros” sabia alguma coisa sobre tais criaturas, apenas o esquisito nome causador de arrepios involuntários. E que muito provavelmente se alimentavam dos portadores de corações latentes.
Uma buzinada chamou a atenção de Azucena. Suspirou ela aliviada quando viu a conhecida figura de Pedro descendo do veículo de Dante, que acenou educadamente. Ela acenou de volta e depois saudou Noda. Disse quando ele aproximou-se:
- Onde estava? Achei que tinha desistido.
- Caso tenha esquecido, não posso garantir total pontualidade quando estou gravando – respondeu ele após cumprimentá-la.
- Entendo. Vamos entrar. Menos mal que marquei daqui vinte minutos – a cantora falou enquanto se abanava com um pequeno leque. A tarde era particularmente calorenta embora fosse início da primavera. Exatamente o começo de outubro.
- Imaginei que você faria isso – disse ele para depois comentar passando a mão no pescoço: - Teve... pesadelos? Tive alguns bem tensos.
- Algumas vezes dormi mal em razão disso. Inclusive estou com olheiras. Das feias – respondeu ela andando com ele para dentro da universidade.
Ambos se viram quase perdidos dentro do campus, pois nunca haviam pisado ali. Azucena, por sua vez, perguntou a um guarda onde ficava a sala do professor Elijah Colman. O magro e franzino rapaz informou detalhadamente a localização pontuando-a com o escritório sendo no último andar. Pediu autógrafo logo em seguida. Maizani e Noda escreveram dedicatórias e rubricas, agradeceram e seguiram as indicações, chegando ao edifício em seguida. Subiram. A sala encontrava-se fechada. A placa na porta dizia “Elijah C. Colman” em letras douradas.
Pedro Noda afinal encorajou-se a bater na porta. Passos foram ouvidos dentro da sala. A porta mexeu-se e as dobradiças rangeram, indicando a antiguidade do local. Os dois estavam lividamente parados na entrada quando o próprio Elijah disse incialmente calmo e depois espantado: - Boa tarde. ... Vocês marcaram comigo?!
- Na verdade foi ela – respondeu Pedro em seguida desculpando-se e cumprimentando-o.
- Boa tarde, professor Colman. Precisamos falar com o senhor. É um tanto urgente, dada uma situação ocorrida conosco há mais de quinze dias – disse Azucena entrando e indicando que o agora temeroso cantor Noda viesse junto.
- Situação? – Elijah repentinamente interessou-se pela história. O tom de Azucena Maizani deixava claro que algo interessante estava para ser dito.
- Como vou descrever tal coisa? – ela perguntava-se em voz alta enquanto o cantor tremia só de lembrar.
- Comece do início. É clichê, mas funciona – Colman indicou cadeiras para que ambos se sentassem.
- Está certo – a cantora respirou fundo, narrando o fantástico acontecido da noite do aniversário de Matilde.
Elijah Colman havia feito imenso esforço para não demonstrar que já conhecia o vampiro Magaldi. Pedro Noda se via perto de urinar nas calças só de recordar aquilo, ademais os terríveis pesadelos de ser atacado no pescoço.
- Professor, seja franco: o senhor sabe o que é isso, não? Sei perfeitamente que é impossível acreditar em certas coisas, mas eu, o Noda e a Margarita vimos. O vimos dançar com a menina Matilde – a “tanguera” olhava fixamente Elijah.
- E fantasmas atravessam corpos sólidos até onde se sabe. A não ser que o Magaldi seja algum novo tipo de fantasma desconhecido até o momento – o cantor enfim falava embora a voz fosse pontuada por temor.
- Magaldi não é um fantasma, senhor Noda – respondeu o professor cruzando as mãos sobre a mesa.
- Então ele é um...? – Azucena não conseguia dizer aquela arrepiante palavra de sete letras.
- Vampiro – Noda cuspiu a palavra bruscamente passando a mão pelo pescoço novamente. O cantor viu-se pensando em estranhas possibilidades naquele minuto.
- Sim, ele é. Aconselho ambos a não saberem mais nada. É um conhecimento perigoso. Fatal – Colman tinha perfeita noção do dito, pois já havia estado no limiar da morte.
- Sei muito bem que estamos nos arriscando, mas é para o nosso bem e de outras pessoas. O senhor sabe que essas coisas matam quando têm fome. E mesmo eu não sabendo muito, sei dessa fome ser algo incontrolável. Mortal – a cantora apenas queria manter-se segura caso os pesadelos resolvessem se realizar.
No entanto, Elijah sabia que eles eram reais. Embora as marcas nas jugulares tivessem sumido por algum subterfúgio sujo, ambos apresentavam a tez meio pálida. Podendo ser perfeitamente confundida com a vida boêmia de ambos. Entre bebidas e cigarros. Magaldi estava seguindo, ainda que tardiamente, uma das deixas naturais de um vampiro: alimentar-se dos que mais estimava. Intencionava transformá-los. Os sinais eram claros.
- Vampiros não apenas matam, senhora Maizani. Podem contaminar outros com sua “enfermidade” – respondeu o professor, horrorizando ambos.
Nenhum dos três desconfiava que, do lado de fora, alguém ouvia atentamente a conversa. Margarita Duran também desejava saber o ocorrido daquela noite. Viu-se sorrindo ao saber de seu primeiro amor estar mais vivo do que nunca. Em uma situação estranha, mas estava. Ele era agora imortal, ela o sabia bem. Não entendia nada sobre vampiros, mas sabia que eles eram imortais. Alimentavam-se dos vivos para manterem sua existência. Teve a esperança de refazer o elo rompido. Quem sabe pertencer a ele pela eternidade. Ser envolvida por seu frio abraço e mordida no pescoço. Assim como a mocinha da versão espanhola de Drácula. Ela não sabia, porém, que o coração de Magaldi agora pertencia à outra. Rebeca.
- Professor – Pedro Noda viu-se agarrando fortemente as mãos de Colman. Olhava-o quase em desespero: - Tem alguma chance dos meus pesadelos terem sido... verdade?
Azucena olhou-o atemorizada. A expressão no rosto dele era impressionante demais para ignorar. Pensou a mesma coisa que ele. Será que os pesadelos na verdade tinham sido ataques reais? Será que as tonturas e às vezes febre sentidas sempre após os pesadelos eram sinais de estarem sendo atacados? Os cantores antes achavam que a palidez apresentada provinha das vidas noturnas de ambos, porém, estavam agora desconfiados de uma sinistra possibilidade. Talvez estivessem, involuntariamente, alimentando um vampiro sedento por sangue.
- Confesso não saber, senhor Noda. Embora não negue que ambos apresentam a tez um pouco pálida – disse ele calmamente. Mentia, mas achava melhor fazer deste modo. Já tinha um plano para impedir Magaldi de continuar sua sina macabra de transformar seus entes queridos em vampiros. Não podia matá-lo, pois sabia dele ser de alguma forma especial.
- Professor, há como você nos examinar para descobrir? – Azucena pegou Elijah de surpresa com a pergunta. Deus, como iria negar tal coisa? Se ele recusasse, era provável que eles perceberiam a mentira.
O estudioso logo de examinar cuidadosamente o pescoço de ambos. Depois, furou com uma agulha o dedo de cada um com intenção de obter uma gota de sangue. A visão das gotas enervou o professor, que temia sofrer a pior das consequências do ataque sofrido onze anos antes. Tratou logo de examinar o líquido. Por fim, disse: - Ambos não apresentam nenhuma anemia. Então é perfeitamente possível que vocês estejam sendo atacados. Em um intervalo considerável, mas estão.
- Se isso é mesmo sério, então onde estão as marcas que deveriam estar nos nossos pescoços? – Pedro Noda estranhou tal conclusão.
- É provável que Magaldi tenha usado algum truque para cobrir o ferimento. Assim, vocês não saberiam o que está havendo. Considerando que a marca feita pelos dentes de um vampiro é algo bem impressionante, não estou surpreso – Colman suspirou se perguntando o que faria não apenas para impedir novos ataques, mas também como convenceria Agustín de que não valia a pena fazer tal coisa.
- O senhor poderia... nos mostrar isso? – Maizani desejava saber o máximo sobre a impressionante condição agora possuída pelo teoricamente falecido cantor.
Elijah não viu outra opção a não ser mostrar a foto de um recente cadáver encontrado nas docas. Mais precisamente da marca possuída no pescoço. Os dois tamparam um grito ao ver tal coisa. Perguntaram-se como alguém possuía tanto sangue frio para agir daquela maneira. Foi quando Noda perguntou quase aos prantos: - Foi... ele?
- Não sei. É possível – Colman novamente mentia. Pelo menos gostaria de estar realmente fazendo-o. Sabia de Agustín não gostar de matar. Embora ele às vezes o fizesse porque a sede era muita. O professor, na verdade, não podia condená-lo por ocasionalmente ser um monstro assassino sedento por sangue. Afinal, era pela sobrevivência. E os próprios humanos já o eram. Por capricho ou interesse.
Os cantores se perguntavam qual a razão do amigo querido e homem de bem fazer aquilo com eles. Margarita, ainda ali fora, ouvia atentamente a conversa. Por que Magaldi só atacava a eles e talvez seus parentes? Por que não a mordia? Será que ele pensava no fato dela ser mãe de uma jovem de quinze anos? Agustín era pai de um menino atualmente com sete, de um casamento fracassado. Não estranhava, a bem da verdade. Embora achasse um tanto hipócrita, já que Azucena e Pedro também tinham coisas a prezar em suas vidas. A mente, porém, era uma estranha e incompreensível teia de raciocínios únicos que só a própria pessoa era capaz de entender.
- Colman, como se espanta um vampiro? Como é possível matá-lo? – Noda não era capaz de suportar a imaginação dando-lhe horríveis visões de seu “hermano” adorado cometendo atrocidades em nome daquela horrenda fome por vidas. A imagem daqueles dentes enormes e olhos vermelhos diabólicos o perturbava de tal forma que Noda via-se quase como Van Helsing.
- Você pode usar alho ou arruda para mantê-lo distante. Dependendo, no entanto, do tipo de criatura, pode-se usar cruz, hóstia ou água benta. Hoje, porém, essas três últimas não mais surtem efeito com a maioria dos vampiros, especialmente se eles são poderosos. As primeiras, por sua vez, funcionam muito bem. Especialmente o alho, embora eu não entenda até o momento porque ele é tão poderoso – o estudioso parecia falar mais consigo mesmo que com os presentes.
- Considerando o cheiro horrível e o sabor ainda pior, eu não fico surpresa. Se muita gente normal já não aguenta esse tempero, imagina quem é vampiro? – Azucena contraiu a expressão ao dizer aquilo.
- Caso esteja olvidando, vampiros só bebem sangue. Até agora não há uma explicação quanto a isso do alho – Elijah disse quase bufando. Impressionante como algumas pessoas eram capazes de falar absurdos.
- Realmente, como é que vampiros não toleram alho se não comem nada considerado normal? – Pedro Noda via-se mexendo os olhos de um lado a outro em dúvida.
- A sabedoria popular antiga diz que o alho possui propriedades mágicas sérias. E por alguma razão, uma delas é o cheiro que espanta os vampiros – respondeu o professor ao que Noda perguntou imediatamente: - Como se mata um vampiro?
- Antigamente e em muitos locais ainda hoje, ainda que seja preciso discrição, cravam-se estacas nos corações, cabeças ou estômagos das criaturas e as decapitam. E às vezes queimam-se os corpos como adição. Quando, contudo, as pessoas suspeitam da ocorrência, mas não querem fazer nada extremo por medo das forças da lei, apelam para métodos alternativos. Com o objetivo de evitar que as criaturas levantem dos túmulos – respondeu Colman tentando não se alongar, já que o cantor parecia interessado apenas na parte capital do assunto.
Azucena, por sua vez, parecia excessivamente interessada em tudo: - E funcionam? Como são? E... vampiros não refletem mesmo em espelhos?
- Primeiramente, essa história dos espelhos varia muito. Depende, de novo, de que tipo de criatura é o vampiro. Na maioria, dos casos, porém, vampiros refletem em superfícies como vidros ou espelhos. Afinal, precisam camuflar-se entre as pessoas para caçar seu sangue. E convenhamos: ninguém seria tão estúpido de ignorar a falta de reflexo. Vampiros cometem com frequência o erro de achar todos os humanos estúpidos – Colman respondeu compenetrado para logo continuar sério:
- Os métodos mais usados para “prender” o vampiro na sepultura quando há suspeita são: colocar um crucifixo na boca do morto ou um ramo de rosa selvagem espinhosa no corpo. Também podem ser colocados ramos de espinheiro, muitos dando preferência ao espinheiro-preto no Leste Europeu.
Pedro Noda, após o frenesi de querer matar vampiros, acalmou-se: - Eu sei que pode parecer um questionamento idiota, mas, por que vampiros bebem sangue? E por qual razão são tão frios? Eles são mortos, então não podem ser “quentes”.
- É o modo de eles conseguirem sobreviver e exercer seus poderes. Eles podem ficar sem se alimentar, mas, vão envelhecer brutalmente após um bom tempo caso sejam jovens. E a frieza vem deles serem criaturas mortas-vivas – respondeu Colman.
- Acho que entendi: o sangue é o responsável por nos manter vivos. E para os vampiros, ele representa a vida que tecnicamente eles não possuem. Ou pelo menos eu acho – Azucena Maizani tamborilou os dedos na bolsa e em seguida comentou temerosa: - Me lembro do velório do Magaldi, onde um dos médicos da clínica comentou que, antes do funeral, retirou da boca do morto um crucifixo dourado colocado por outro legista, um corcunda. Será que esse senhor já desconfiava...?
- Se for quem estou pensando, possivelmente sim. No entanto, é muito fácil desconfiar de coisas estranhas quando um cadáver parece demasiado viçoso e aprumado mesmo tendo estado muito doente antes. O caso do Magaldi foi esse pelo que ouvi dizer. E sim, senhora Maizani, o sangue para eles é vida – Elijah pensava e repensava o caso. Recordou em seguida o fato de ainda não ter conversado com o vampiro de agora um ano e algumas semanas de idade. Não sabia como ele havia sido transformado e muito menos como levantou da tumba.
- Outra coisa que aparentemente não tem nada a ver, mas, me perturba agora que vocês falam disso tudo: o Canaro comentou comigo sobre... a última coisa que Agustín disse antes de morrer, entoado quase como uma oração, “Mamá!”. Tenho impressão que... – Noda viu-se mudo de terror ao pensar no que via em sua mente.
- Diz – Azucena, embora estivesse curiosa, não pôde deixar de contaminar-se pelo medo dele.
- Que ele estivesse chamando a mãe porque talvez soubesse estar sendo transformado em algo horrível. Quem sabe fosse um último modo de tentar livrar-se do chamado da escuridão. De não sucumbir às trevas e a fome dos mortos-vivos por sangue – o antigo parceiro de Agustín Magaldi tremia a voz. Estava chorando.
- Quiçá você tenha razão. A mãe ou a figura materna é o nosso maior e mais confortável refúgio quando queremos fugir de tudo – Elijah Colman considerava-se talvez o mais azarado dos homens nesse ponto. Perdera a mãe com catorze anos, por algo misterioso. O fato era responsável por fazê-lo mergulhar de cabeça no mundo dos vampiros. Pois o pai, até o último suspiro, afirmou que a esposa tinha sido vitimada pelos ataques de um deles. Algo no qual não acreditou até ter dezoito anos, quando viu um vampiro pela primeira vez.
- Meu Deus, onde nos metemos? – a cantora pôs as agora trêmulas mãos no rosto. Noda pranteava de medo e horror.
- Eu disse a vocês que era um conhecimento perigoso – suspirou o professor enquanto Maizani consolava o choroso cantor.
Foi quando o companheiro musical de uma década de Agustín Magaldi parou de chorar. Olhou determinado: - Nós temos que descobrir o caixão dele e estaqueá-lo! Depois, decapitá-lo e queimá-lo! Eu odeio ter que fazer isso com alguém de quem fui tão amigo, mas, não posso continuar vendo-o tornar-se todas as noites um demônio chupador de sangue. É o mínimo que posso fazer por ele como prova de quanto ainda o adoro!
- Noda, acalme-se, por favor. Matar um vampiro não é tarefa simples. Requer planejamento. A não ser que você queira ser morto ou coisa pior – Colman tinha a todo o custo de demover a ideia da cabeça obcecada do cantor.
- Caso não possamos fazer isso, tem pelo menos como ele parar de nos atacar? – Azucena dizia à porta do desespero.
- Se vocês tiverem a paciência para dormir com flores de alho penduradas na janela, estou certo de que irão recuperar-se prontamente – Elijah foi até a sacada e de um dos vasos, cuidadosamente colheu ramos de flores de alho. Deu alguns ramos para cada um.
- Isso cheira tão mal quanto me lembro. Se for resolver os nossos problemas, eu até durmo com isso no pescoço – disse a cantora franzindo o nariz com o odor. Perguntava-se como o pobre Elijah aguentava aquele cheiro. Considerando que decerto ele estaria acostumado a deparar-se com tais criaturas, não era surpresa. Foi quando perguntou: - O senhor já esteve diante de algum vampiro?
- É muito difícil não estar diante deles. Sejam os sugadores de sangue ou de energia, também chamados “psíquicos”, eles estão sempre por perto – respondeu o professor observando a claridade lá fora. Pedro e Azucena se viram espantados com os vampiros de energia. Perguntaram se eram também mortos-vivos. Receberam a resposta de tais criaturas serem pessoas normais como eles. Capazes de sugar as forças dos que estavam próximos. Muitas vezes nem sabiam de tal capacidade.
Os cantores horrorizaram-se ouvindo aquilo. Questionaram como livrar-se de e Elijah explicou: quando se sentissem mal por alguma razão desconhecida, procurassem observar bem onde estavam. Depois, reparassem cuidadosamente nas pessoas e ver qual delas parecia ser um pouco diferente das outras em termos de presença. Caso outros além deles estivessem sentindo-se mal, a pessoa diferente nesse termo seria o vampiro psíquico. O recomendado era afastarem-se dela e jamais ter qualquer ligação com a mesma. A firmeza de decisão era essencial para não permitir a ação de um desses.
Os dois “cantantes” acharam melhor ir embora após ouvir tantas coisas terríveis. Estavam com ramos de alho. Azucena guardou os dela na bolsa enquanto Noda pôs os dele dentro do paletó. Torciam por noites tranquilas a partir de agora. Foram aconselhados a irem buscar com Elijah os ramos quando os outros já tivessem estragado. Saíram da sala, ainda aterrorizados. Nem eles e nem ele desconfiavam, mas Margarita ouvira tudo. Escondera-se em um corredor próximo para não ser vista pelos que saíam e por Colman, que se despediu deles com alívio. O pobre estudioso não tinha certeza se os dois suportariam ouvir mais que aquilo sobre vampiros. Eles não tinham a real ideia de onde tinham se metido. Era ainda mais terrível.
A cobiçada viúva Olmos y Piñedo sabia ser sinistro envolver-se com aquilo, mas não se importava. Queria Agustín de volta. Tinha a oportunidade de amá-lo novamente. Sem velhice ou morte para atrapalhar. Desta vez para sempre. Literalmente.