Os Vampiros Portenhos Além do Prata - Irreversível (Sinopse e Capítulo 1)

Venha bater aquele papo furado. Área típica para flood.
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Lady Carmilla DWFan
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Os Vampiros Portenhos Além do Prata - Irreversível (Sinopse e Capítulo 1)

Mensagem por Lady Carmilla DWFan »

Sinopse: Cassandra Cassie Rossellini viveu uma experiência das mais perigosas, saindo ferida e com o psicológico abalado. Agora sabendo de um mundo permeado pelo sobrenatural surgido após o pôr do sol, ela tenta seguir sua vida. Atormentada pela curiosidade e perigo eminente vindo com o anoitecer, pesquisa sobre os fatos daquela véspera de Halloween e suspeita que ainda estar viva não foi por acaso. O que o futuro lhe reserva quando, após um reencontro nada desejado com um dos vampiros daquela noite, ela nota algo realmente errado e a criatura faz o mesmo?

Nesse tópico foi onde eu busquei a inspiração para começar uma nova história do meu universo: viewtopic.php?f=27&t=22716


A capa ainda está em processo de produção e o segundo capítulo está saindo. :D :D :D :D


Capítulo 1: No limiar da ceifadora


Eu me pergunto como cheguei ao ponto de estar correndo pela minha vida. Também pela de Patrick e preocupada com o destino de James e Riley. Não sei se serei capaz de carregar a culpa se morrerem.
Aterrorizada é pouco perto do que realmente sinto.
Tudo aconteceu tão rápido e eu não tenho ideia de como eu e Pat escapamos, pelo menos até o momento, de uma horda de vampiros sanguinários liderados por uma vampira desejosa do sangue do meu namorado, até agora virgem, tal como eu. Ele, por sua vez, está aterrorizado. Chora no meu ombro implorando, de novo, que o perdoe por ter sido um estúpido de ir à casa de uma mulher desconhecida e acabarmos metidos na encrenca mais colossal das nossas vidas até hoje.
As quais por pouco não perdemos.
Tudo aquilo começou não faz sequer uma hora e de repente parece uma eternidade, um pesadelo aterrorizante, do qual quero sair.

— Atrás deles! – ouvi a tal baronesa gritar e ela e mais seis pares de pés correndo atrás de nós. De uma coisa eu sabia: tínhamos de correr o mais rápido que podíamos ou estaríamos encrencados até a raiz do cabelo.
Já estávamos, mas podia piorar.
No entanto, eu soube de cara que não seria fácil. Éramos só dois agora. James e Riley, naquele momento, podiam estar mortos ou... sendo torturados pelas duas vampiras. Eles, após irmos na direção da casa amaldiçoada da vampira líder e sua horda para resgatar Patrick, tinham tentado conter os seres usando fogo. Assim eu poderia soltar Pat, amarrado em uma situação humilhante e a um passo de ser transformado em um monstro.
No entanto, o fato deles estarem atrás de nós me dá uma impressão funesta. Talvez morrêssemos tentando fugir.
Vampiros eram fortes, ágeis, rápidos. Demônios sem alma, coração, piedade. Sedentos de sangue e donos de nenhum remorso em matar.
Naquele momento, no entanto, tive vontade de gritar com Patrick, perguntar que diabos ele pensou quando foi para um bar em Hollywood com os melhores amigos intencionando encontrar alguém com quem perder a virgindade. Igualmente queria dar uns bons sopapos em James e Riley. Eu, porém, não podia me dar o luxo de parar ou eu também estaria condenada.
— Peguem eles ilesos! – a voz de um deles, mas eu não sabia de quem, ecoou atrás de nós pelo menos cinco metros.
— Sem movimentos bruscos, não podemos machucá-los! A Baronesa Meinster quer ambos inteiros! – outra.
É quando eu e Pat sentimos uma puxada forte no braço quando estamos debaixo de um monte de colunas de sustentação. É um deles, um loiro de cabelo assentado, liso. Meu corpo, não entendo como, responde de forma inusitada: bato o corpo dele na coluna atrás de nós com tudo usando um único puxão forte e a criatura cai inconsciente, jogada para trás. Sendo que ele devia ter vinte vezes mais força do que eu e provavelmente nem seria afetado por algo assim.
Patrick não entende. Eu menos ainda. Continuamos correndo como se disso dependesse nossas vidas. Aliás, dependia. E como!
Não muito tempo depois, o vampiro com cara de paspalho, o qual vou chamar de Ruivo Infernal, surge de uma fonte, não pergunte a forma, e outro, pouco mais alto que Pat e cabelo castanho, vem junto. Gritamos pelo susto. Novamente, meu corpo responde com uma incomum rapidez: bato a porta no comprido com força e ele cai para trás. Por pouco ela não sai do lugar.
Ele me fita com aquela expressão incrédula que conheço desde menina. O paspalho, ou pelo menos aparenta, continua atrás de nós, agora tentando manter o equilíbrio dentro do que é uma série de canos. Não de água, pois ali é claramente uma caldeira, e vampiros não apreciam nada que solte fogo. No final tem um túnel escorregador. Vamos em frente. Não há opção.
O problema: ele nos alcança logo em seguida. Pat chega a bater nele com um pedaço de madeira grande, mas isso nem o afeta. Já eu, sem entender como, de novo, respondo: dou um berro que o faz se voltar para mim e eu retribuo com um murro forte na cara dele, fazendo-o cair inconsciente no canto.
— Cassie, o que está havendo?! ... – Patrick me fita, mas o interrompo: — Pat, por favor, não é hora! Precisamos escapar ou morremos!
Ele assente e corremos para a escada à frente porque não é seguro subir a detrás de nós. Não com a horda nos procurando. De algum modo, os ouço por todos os lados à nossa procura. Estamos, ao final da subida, em uma estufa abandonada. Ainda, escuto o que parece ser água correndo em algum lugar abaixo dos nossos pés.
Após entrarmos, nos escondemos no meio das plantas mortas. Há muitas ali. Sinto algo debaixo do meu pé direito. É um tipo de trinco antigo. De repente, e agora estava começando a ficar assustador, abro aquele pedaço do chão apenas com uma mão. Nem eu e muito menos Pat entendemos o que se passa comigo. Abaixo, há uma passagem, na qual pulamos.
Ali, um túnel comprido, pelo qual não pensamos duas vezes em correr. No fundo, há uma passagem onde é possível passar de lado. Sequer pensamos. Atravessamos. Uma teia de túneis está abaixo. É como um labirinto. No entanto, é nossa única chance de ficar vivos.
— Há uma passagem secreta na estufa abandonada! Entraram por ela! – pela primeira vez, ouço o ruivo “paspalho”. A voz dele é cavernosa, ou pelo menos está. Sem dúvida tem as presas à mostra e pelo tom, está furioso, quer nossas cabeças. Pela distância na qual estamos, ele recém está se recuperando do meu soco. Como eu sei disso? Sem a mínima ideia.
Minha audição, a qual agora noto estar mais apurada, mas não sei explicar como, os capta conversando enquanto correm na direção onde fomos, eles surpresos com o ocorrido...
— Como assim você levou um soco?!
— Eu não sei! Ela deu um berro e quando me virei, senti até a alma fugindo do corpo quando minha mandíbula se partiu!
— Bem, eu tomei uma portada forte na cara! – o castanho altão grunhe com raiva.
— Já eu levei um puxão daqueles e dei de cara em uma coluna de sustentação. Estou com raiva dessa enxerida! Quem topa em aprisioná-la e torturá-la até o próximo ano antes que a Baronesa beba o sangue dela? – o loiro galãzinho está também raivoso.
Quero mais é que eles se fodam.
— Não falem besteira! Se preocupem em capturá-los! Faltam vinte minutos para a meia noite! – sem dúvida era o vampiro mordomo de pele escura. Ou vampira. Porque a aparência andrógina deixava qualquer um confuso com relação ao gênero da pessoa.
Nesse meio tempo, eu e Patrick descemos a ladeira íngreme com a rapidez permitida pelas condições do local e escuro quase breu, com o qual somos obrigados a nos adaptar se quisermos viver. Temo que caiamos para a morte se não tomarmos cuidado.
Para piorar, o lugar é tão alto que chega a dar medo. Em especial porque Pat tem fobia de altura, mas estamos determinados a escapar. Sei, porém, o tamanho do pânico dele, surgido quando quase morreu durante um passeio escolar, ao pisar numa pedra e quase despencar de uma cachoeira. Sem contar o poço de estacas muitos metros abaixo e as pedras pontudas em volta. No entanto, me pergunto como até agora corri tão ligeiro, ludibriei três vampiros em menos de cinco minutos e movi uma tampa de pedra pesada com apenas uma mão.
— Cassandra, que está havendo com você?! – Só assim Patrick consegue conter o pânico ao descer uma ladeira daquelas. Porém, a voz dele sai baixa, pois não quer ser ouvido pela horda de vampiros. No entanto, sinto que estão vindo. Os passos muito acima são audíveis para mim. Pelo jeito, precisam fazer as coisas à moda antiga. É possível, embora seja só teoria, que tentar alongar a passagem com força bruta pode fazer a casa acima vir abaixo.
— Vai acreditar se eu disser que... não sei? – de fato eu realmente não sabia como tinha conseguido façanhas como aquelas e sendo sincera, não queria. Patrick não consegue achar uma resposta para me dar, apavorado demais para pensar com clareza.
Entramos em um túnel pouco antes de terminar a descida e de novo corremos como o inferno através do longo caminho, cujo final tem mais uma ladeira íngreme e no lado oposto, outra passagem, igual a primeira por onde passamos. Não pensamos duas vezes e atravessamos a passagem, mesmo sendo mais curta, até porque outra descida ia ser demais para nossos corpos já no limite e inclusive nos machucamos no processo.
Patrick sangra ao raspar o braço com força na pedra áspera e meu ombro fica avariado quando saio aos solavancos da passagem apertada. Tanto que preciso enrolar meu casaquinho no local e rasgo um pedaço da blusa para enrolar o machucado dele.
Novamente o pânico toma conta de nós.
— Sinto o cheiro do sangue deles! – o “cara de paspalho” tem um endemoniado nariz de cão perdigueiro. Cinco de seis deles grunhem em expectativa por um belo jantar sangrento após nos capturarem. Entretanto, um não parecer ligar muito me intriga. Mas muito bem ele, seja quem for, pode ter mais controle sobre a própria fome. O único que imagino assim é o mordomo andrógino. Provavelmente tenha uma idade aproximada à da vampira líder da horda.
Apesar da corrida desenfreada já estar nos tirando fôlego, ainda temos pernas para correr até o que parece uma catacumba encoberta, o único lugar ali onde podemos nos esconder, pois não há qualquer outra saída, a não ser onde entramos e a passagem para a outra ladeira íngreme. Já no esconderijo, nos escondemos em um caixão muito velho cheirando forte a algum tipo de erva que não conheço.
Porque algo dentro de mim diz ser o melhor para nossa segurança. Um instinto até então desconhecido para mim. Aliás, não tinha qualquer ideia de como manifestei habilidades até então insuspeitas. No lado de fora, só para ficar mais difícil nossa fuga já complicada, rugidos ferozes e furiosos estão à nossa volta. Os vampiros estão nos buscando pelo cheiro de sangue, mas não sei como ainda não nos acharam.
Posso claramente ouvir os gêmeos jurando nos dar uma lição. Duas vozes sinistras em uníssono.
O galã loiro, porque a voz não é do “paspalho”, quer me empalar em uma estaca.
O Ruivo Infernal deseja minha cabeça.
Tomamos, de repente, uma decisão. Não é ideal em um momento desses, por tudo o que estamos passando, mas, considerando o contexto, é preciso. Nossa primeira vez será inusitada, mas ainda sim especial por eu estar com a pessoa que eu amo.
Porque mesmo o futuro sendo incerto, precisamos ao menos sobreviver.

O silêncio ali embaixo é mortal. Não sei, agora, há quanto tempo estamos imóveis do lado de fora do caixão desde termos consumado a relação sexual, mesmo sem uma cabeça muito estável para isso. Aliás, nós dois estamos, como diria James, fodidos da cabeça igual a porra.
Patrick parou de chorar, mas ainda treme. Também tremo. Nossas roupas estão imundas. Meu ombro lateja igual o inferno. Pat sente dor no braço, o qual está no mesmo estado.
Estamos cansados, com frio, feridos, famintos, preocupados.
Jim e Riley ainda estão na casa amaldiçoada da baronesa vampira e não temos a mínima condição de voltar até lá. Nem sabemos que horas são e muito menos temos condições de fazer qualquer coisa no estado no qual nos encontramos. Chamar a polícia? Nem pensar, até porque não tínhamos ideia de como sairíamos dali e não havia qualquer forma de se comunicar com o lado de fora.
Ir pelo caminho de onde viemos, então, fora de cogitação, porque seria suicídio. Porém, e isso piorava tudo, não sabíamos até onde ia aquele emaranhado de túneis. A probabilidade de morrermos de fome ou frio era muito grande, mas sair dali e encontrar a horda de mortos-vivos chupadores de sangue não era uma possiblidade muito melhor.
Afinal, vampira líder sem dúvida tinha envelhecido por não ter conseguido o sangue de Pat e por razões que me fogem, transformá-lo em um monstro sem alma ou coração vivendo cada noite buscando uma nova vítima para saciar sua fome. Os outros não estavam felizes com o resultado infrutífero da caçada. Talvez nos esperassem para beber nosso sangue, nos rasgar em pedaços e descartar nossos restos secos, quem sabe junto com os de James e Riley, em algum lugar onde nunca seríamos achados. Então viraríamos mais uma estatística na lista de desaparecidos.
— Cassie, sei que não é uma boa ideia te pedir isso, mas temos de sair daqui! O Jim e o Riley podem morrer se não fizermos algo!
— Vamos, mas com cuidado. Pode ser que algum deles esteja de vigília aqui dentro – por menos que a ideia me agrade, Patrick tem grande sofrimento estampado nos olhos. Os dois são nossos amigos desde a infância e eu teria meu coração esmagado se não tentássemos pelo menos fazer alguma coisa com relação a eles.
Mesmo com muito medo, saímos dali com todo o cuidado. Nossos machucados já eram feios, não precisávamos de mais para piorar nosso estado físico. Meus sentidos estavam ligados no 220. A adrenalina correndo pelo meu sangue era tanta que todo e qualquer cansaço se foi quando levantei. Pat sente grande dormência nos braços e pernas pelo tempo parado na mesma posição, mas recusa minha ajuda para andar por não querer ser um estorvo para mim. Aquele, sem dúvida, era o jeito dele tentar ser minha âncora emocional depois que fui a dele até agora.
Resolvemos ir pela ladeira íngreme do lado oposto porque voltar por onde viemos pode ser perigoso por motivos óbvios. Até porque precisávamos de um plano para resgatar James e Riley da horda de vampiros e sem eles por perto seria mais fácil manter a cabeça sã e planejar algo. No entanto, meu psicológico e o de Pat estão virados em cacos. Só Deus era por nós agora e tínhamos de ser fortes se quiséssemos nossos amigos vivos. Entretanto, a chance de eles agora estarem mortos era muito alta. Afinal, estando presos com duas vampiras, poderiam servir como jantar delas.
Para nossa surpresa, embora a escuridão ali seja tensa tanto quanto em cima, consigo ver lá embaixo há um rio subterrâneo correndo na direção oposta. Era daqui o barulho de água correndo! Como escutei isso a uma distância tão absurda? Nós devíamos estar pelo menos um quilômetro e meio, talvez mais, da casa maldita. No entanto, não tinha qualquer ideia de como eu tinha feito todas aquelas façanhas até o momento. O fato de estarmos vivos, e até certo ponto inteiros, era um milagre.
— Cassie, lembra de quando a gente via O Incrível Hulk na tv? A série com o Bill Bixby e o Lou Ferrigno, tá lembrada? Olha...
O paro: — Sim, lembro. Você deve imaginar que despertei algum tipo de força superior dentro de mim para te proteger. Proteger nós dois.
Ele vai responder, mas eu o calo para logo depois segurar a mão de Pat e com cuidado e em silêncio, descermos a ladeira íngreme enquanto escuto a horda conversar metros acima...
— O que faremos?! De jeito nenhum consigo rastrear os dois!
— Hooligan, acalme-se, eles não podem ter ido longe nas condições em que sem dúvida se encontram. Pelo cheiro de sangue sentido, se feriram nessas pedras que dão para um beco sem saída.
— Orlando, a Baronesa Meinster está velha e fraca! Vai que ela vira pó?!
— Se podia ficar pior, ambos deixaram de ser virgens! O que me espanta é como pensaram nisso numa hora dessas! Como nos tapearam de novo?!
— Vermont, não é hora para conjecturas! Não diga bobagens, Henry. Só aconteceria se alguém a decapitasse após estaqueá-la, mas eu mataria qualquer desgraçado que tentasse! – O tom de voz dele foi tão cortante que ninguém ousou replicar. O silêncio voltou, mas eu podia ouvi-los andando metros acima.
A lealdade deles com aquela criatura era admirável, ainda que eu não gostasse nada. Afinal, podíamos perder a vida por isso. No entanto, a informação não era bem novidade porque já tinha visto vários filmes, mas isso ser apenas um meio para uma decapitação facilitada tornava as coisas um pouco mais complicadas. Não que eu quisesse tentar semelhante loucura, mas ela e sua horda de vampiros eram um perigo para mim, Patrick, James, Riley e aqueles que nos eram importantes.
No momento, porém, o mais importante era sobreviver.
Ao fim da descida, andamos mais um pouco até chegar ao rio subterrâneo. A água era tão cristalina que podíamos enxergar o fundo, mesmo com a iluminação quase nula. Pelo jeito, ninguém habitava aquele lugar há anos e quem morou ali sem dúvida foram os índios, talvez algum vampiro muito velho, pelo caixão encontrado. Pois os povos indígenas, mesmo passados séculos e com tudo o que viveram e passaram, ainda eram os originais da América no geral.
Temendo que a horda de vampiros nos ache, pensamos seriamente em ignorar o rio, mas além de imundos, estamos com muita sede. Um pouco de água pode pelo menos aliviar nossa fome, pois há horas não comemos nada.
Mesmo com o risco, bebemos generosas conchas de água feitas com as mãos e lavamos pelo menos os braços. Eu, em especial, preciso pelo menos tentar aliviar o latejar do meu ombro machucado. Patrick, por sua vez, tira a camisa, mas sente uma dor das boas ao retirar a atadura improvisada e o braço dele está muito feio, e a rasga para fazer novas ataduras para nós...
— Vamos tapar nossos ferimentos com uma atadura melhor até acharmos um hospital. Porque só dando um jeito nessa merda é que vamos poder fazer alguma coisa por James e Riley. Se já não estiverem mortos.
— Vamos ter fé que eles estão vivos, Pat. Só precisamos sair daqui e depois armamos um plano para resgatá-los. É provável que ambos estejam aprisionados. Talvez eles queiram... – me interrompo quando ouço o comprido de cabelo castanho rir cheio de felicidade:
— Encontrei o rastro dos dois! O cheiro deles não está muito longe! Já posso sentir o sabor do sangue de ambos na boca!
É quando a voz de um dos gêmeos, mas não sei dizer de qual, diz enquanto eu e Pat corremos seguindo a direção do rio: — Agora entendo porque não pudemos encontrá-los antes. Tinha um cheiro da porra de planta de espinheiro naquele lado! Não preciso falar que não gostamos disso!
O outro gêmeo: — Plantas feito essas afetam nossa capacidade de rastrear, por isso andamos feito idiotas procurando o apaixonado e a enxerida! Sem contar que nossas habilidades aqui estão reduzidas! Aposto minha cabeça que esse buraco foi morada de índios e eles são particularmente paranoicos com seres iguais a nós.
— Vamos nos preocupar em achá-los e depois decidimos o que fazer com eles – o andrógino me dá a impressão de que está querendo nos ajudar, mas não posso confiar nele.
— Deveríamos secá-los até a morte pelo que estão nos fazendo passar! – O tal Hooligan, cujo sotaque agora identifico como da Geórgia, dá um rugido que me faz arrepiar até a medula dos ossos. Patrick, temeroso, me abraça enquanto andamos ao longo da beirada do rio.
— Não discordo. Até porque estou morrendo de fome e lá em cima temos duas presas à disposição, se a Elvira e a Molly não tiverem secado ambos – o loirinho Henry parece uma fera que não come há semanas.
— John, Henry, lembrem-se: estamos em território ainda inexplorado porque não faz muito que nos mudamos. Se os matarmos, mesmo sendo só quatro, não vai demorar para algum Caçador experiente nos descobrir e com a Baronesa daquele jeito, não podemos arriscar nossas vidas! Usem a cabeça, vocês têm uma! – o mordomo replica com seriedade e o silêncio imediato do Ruivo Infernal se torna muito suspeito.
Os dois se calam logo depois. Estamos a uma distância considerável, ao menos espero que suficiente para eles não nos encontrarem. Quem sabe se encontrasse uma planta com odor parecido, poderíamos escapar daqueles narizes diabólicos.
Nossa esperança se torna bem maior quando encontramos um facho de luz vários metros acima, no que se revela uma saída, mas não parece haver nenhum jeito de subir, exceto se tentássemos nos pendurar nas pedras, mas temo que nossos machucados piorem. No entanto, não há o que fazer, exceto arriscar. Patrick, de repente, aponta as costas:
— Sobe, nós vamos escalar. Sei que tenho acrofobia, mas até agora tive de esquecer isso e outra vez vou ser obrigado a isso ou morremos, é simples assim. Também, o Jim e o Riley precisam de nós. Você já fez tanto por mim, é minha vez de fazer por você. Tá na hora de seguir a recomendação do meu terapeuta.
Me emociono, percebendo que, apesar de tudo, nosso amor é verdadeiro.
Não demoro a subir nas costas dele, me agarrando de modo a ficar firme e Pat, que costuma ser um ás do atletismo na faculdade embora esteja mais para nerd, não demora a, com determinação das grandes, escalar as duras e pontudas pedras com as mãos nuas. Posso sentir o quanto elas doem com o esforço, mas ele não desiste de nos tirar dali e por mais que ele já esteja sentindo o corpo cobrar a conta, persiste.
Consegue, por fim, nos levar até em cima e me pede para me firmar no chão acima, mas por pouco ele não cai um tombo potencialmente fatal, mas eu, mostrando novamente aquela força surgida na estufa, o puxo e quando vemos, estamos em um bosque, onde novamente sinto um cheiro forte de planta desconhecida. Agora, porém, levando em conta o comentário dos gêmeos sanguinários sobre espinheiro, me pergunto como posso fazer isso. Aliás, como fiz tantas façanhas até agora?
No entanto, as mãos e joelhos sangrando de Patrick me apavoram. Precisamos achar um jeito de ir a um hospital ou nossas feridas vão infeccionar. Sem contar os vampiros nos caçando. Pego os restos da camisa de Pat e dou um jeito de enrolar ambas as mãos dele antes que alguma gota vá ao chão e faça fácil para a horda nos encontrar. No entanto, o odor de espinheiro, nem de longe uma planta nativa da Califórnia, pelo que me consta, os atrapalha, considerando que eles não têm ideia de onde estamos...
— Pra onde eles foram?! – o loiro está no limite da raiva. Nem imagino como deve estar aparência dele nesse momento. Prefiro não pensar nisso.
— Das duas uma: ou subiram por estas pedras ou entraram em alguma das cavernas adjacentes. Não devem estar longe. Bem, já disse isso uma vez, mas sendo honesto, não posso acreditar que duas pessoas em um estado lastimável possam ter escalado uma parede dessas – o vampiro andrógino suspira enquanto eu e Patrick nos afastamos da saída e nos aproximamos das árvores, nos escondendo entre elas não muito depois e rezando para nenhum deles ter a ideia de subir.
— Cassie, tá lembrada das aulas de botânica na escola? – Pat sussurra de repente.
Assinto e uso um tom igual: — Sim. Por quê?
— Estou achando que... vampiros não gostam de plantas medicinais ou coisa parecida. Até porque nos filmes sempre tem aquela questão do alho e ele é muito usado pra fazer chás de curar algumas coisas chatas. Primeiro, aquele odor lá embaixo e agora esses galhos aqui nas árvores, isso os fez não nos acharem. Que planta é essa?
— É arruda. Não sei como, mas... sei disso – tudo fica ainda mais confuso e acho melhor nos afastarmos mais ainda para dentro do bosque se não quisermos ser pegos por uma horda de vampiros furiosos e sedentos por sangue.
— O rastro deles se perde aqui em cima, de novo e pra piorar, tem um cheiro da porra aqui. Deve ser uma erva espanta vampiro – um dos gêmeos subiu e está perigosamente próximo, ainda que eu e Pat já tenhamos andado uma distância considerável dentro do bosque fechado.
— Eles podem estar nas cavernas, mas considerando o estado no qual devem estar, com certeza não estão podendo nem consigo mesmos. Até onde eu lembro quando Orlando falou disso, deve ser arruda. Aqui talvez more um coven de bruxas e eu não sou burro o suficiente de me aventurar em “terras desconhecidas”, pelo menos não até sabermos tudo sobre Los Angeles no meio sobrenatural. – Henry, o loirinho assentado, parece mais calmo, mas o tom me diz que as coisas não são bem assim.
— Bem, sem dúvida vão tentar resgatar os idiotas que tentaram nos deter. De repente, podemos fazer uma troca no estilo daqueles filmes que você gosta – um dos de cabelo preto é um cara de pau dos infernos.
— Enfim decidiu usar os conhecimentos que lhe passei, Henry. Bem, Villeneuve, vamos esperar e ver. Meninos, hora de voltarmos. Na próxima noite, vamos explorar essas cavernas. Elas podem vir a ser úteis – o mordomo vampiro andrógino, tudo indica, sorri.
— Considerando o tamanho desse emaranhado de túneis e cavernas, vamos levar um bom tempo nessa empreitada, mas você tem razão, podemos precisar disso no futuro. Seria uma boa ideia a gente dar uma olhada agora, mas, é só uma sugestão – agora sei o nome dos gêmeos e eles me soam bem incomuns.
Os nomes de todos os vampiros são: John, o do cabelo castanho da Geórgia, Henry, o loiro, possivelmente inglês, os gêmeos são Vermont e Villeneuve, mas não sei qual é qual, as garotas são Molly e Elvira, mas não sei quem é quem no caso delas. O andrógino tem o nome de Orlando. Algo me diz que ele é fã de Virginia Woolf. O único que não sei o nome é do Ruivo Infernal.
Cuja voz surge meio que do nada: — Vou ver se há um caminho alternativo longe do cheiro de arruda.
É então que descubro o nome do vampiro ruivo: — Joseph, vamos voltar, por favor? Imagino que está com fome depois de uma noite agitada dessas.
Ele assente, mas eu sei que não está feliz por não me achar: — Tudo bem. Estou mesmo com fome. Temos duas presas na casa da baronesa, então pelo menos de um deles posso me alimentar se as garotas não tiverem sido gulosas.
Ninguém diz nada e isso me aperta o coração. Só posso rogar a Deus que proteja meus amigos da sede de sangue daqueles monstros. Isso se as vampiras já não tivessem secado as veias deles.
Continuo andando com Pat, pois precisamos de atendimento médico antes que nossas feridas infeccionem e contraiamos uma sepse.
É quando encontramos a saída do bosque após longa caminhada: um bairro suburbano de moradores latinos. Não conhecia bem o local, mas, pela lojinha de souvenires mexicanos, reconheci onde meu pai já tinha vindo vender suprimentos de comida para os comerciantes locais. Tivemos muito medo. Seria difícil encontrar um posto de saúde ou hospital próximo, mas o telefone na outra calçada já era grande ajuda.
É quando um rapaz e uma moça, sem dúvida indo ou voltando de uma festa, nos veem e ficam horrorizados, nos acudindo de imediato.
— Meu Deus! O que houve com vocês?! – ela parece jovem demais para estar na rua àquela hora.
— Rena, chame a ambulância do posto de trabalho da sua irmã! Eles estão muito feridos!
— Eu sofri uma tentativa de estupro e Patrick me defendeu dando uma surra no meliante, mas quando menos esperamos, fomos perseguidos pelo grupo dele. Nós escapamos vivos por sorte, mas como podem ver, estamos bem machucados. Precisamos mesmo de atendimento médico – foi só eu ficar às lágrimas que Patrick se apoiou em mim para não cair enquanto Rena usa o telefone público para chamar o resgate e o rapaz toca a testa dele:
— Ele tá queimando de febre! Ferimentos desses, se não tratados no devido tempo da forma correta, podem ter consequências inimagináveis! Eu nem imagino por onde diabos vocês devem ter andado! – eles acham melhor ficar conosco enquanto a ambulância não chega. É quando me lembro que Patrick andava meio gripado na última semana.
Se ele soubesse..., respirei fundo enquanto senti um olhar desconhecido queimar minhas costas. Considerando, no entanto, a situação de James e Riley, minha certeza era só uma: aquele pesadelo diabólico não tinha acabado.

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RurouniAndre
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Re: Os Vampiros Portenhos Além do Prata - Irreversível (Sinopse e Capítulo 1)

Mensagem por RurouniAndre »

Fiquei um tempão off do forum, e me deparo com mais uma pérola literária sua ao voltar!
:Y :Y :Y

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Lady Carmilla DWFan
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Re: Os Vampiros Portenhos Além do Prata - Irreversível (Sinopse e Capítulo 1)

Mensagem por Lady Carmilla DWFan »

Já estou no capítulo 4 e fiz bastante alteração nesse primeiro.

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