Sequestro de avião da Vasp vai virar filme 30 anos depois

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Parallax
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Sequestro de avião da Vasp vai virar filme 30 anos depois

Mensagem por Parallax »

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Policiais na pista do aeroporto de Goiânia junto ao avião sequestrado

A tripulação começava a servir as refeições para os 98 passageiros do voo 375 da Vasp, que deixou Belo Horizonte às 9h com destino ao Rio, quando o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição levantou-se e andou até a cabine do comandante. O comissário de bordo Gilberto Henhe foi até o viajante para dizer que aquela porta não era do banheiro, mas o homem sacou um revólver calibre 32 e acionou o gatilho. Gilberto se esquivou de reflexo, mas o tiro atingiu seu rosto de raspão e sua orelha. Estava se iniciando, naquele dia 29 de setembro de 1988, um sequestro dramático que deixou um co-piloto morto e, se dependesse do autor do crime, teria terminado com a queda do Boeing 737 sobre o Palácio do Planalto, em Brasília. O objetivo do sequestrador, que acabou morrendo em condições suspeitas, era matar o então presidente do país, José Sarney.

Trinta anos depois, o episódio está a caminho de virar um longa-metragem de ficção. Com produção da Escarlate, direção de Marcus Baldini ("Bruna Surfistinha") e roteiro de Lusa Silvestre ("Estômago"), o filme vai ser construído a partir das pesquisas do jornalista Constâncio Viana Coutinho, da LTC Produções, idealizador do projeto. Além de motivados para levar à telona um acontecimento real repleto de ação, drama e reviravoltas, os envolvidos querem jogar luz sobre um caso relevante da história brasileira que caiu no esquecimento e reconhecer o heroísmo do piloto, o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva, que impediu uma tragédia. As gravações começam no segundo semestre do ano que vem.

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O sequestrador Raimundo Nonato preso ao leito do hospital por uma algema

O Brasil de 1988 atravessava uma grave crise econômica. Recém-saído da ditadura, um ano antes das primeiras eleições diretas para presidente e governado por um vice que assumiu após a morte de Tancredo Neves, o país sofria com a inflação galopante, que consumia as economias do povo. Depois de anos trabalhando no Iraque, dirigindo trator para a empreiteira Mendes Junior, Raimundo Nonato, de 28 anos, estava de volta ao Brasil, mas ficou desempregado e viu o dinheiro que tinha ser engolido. Frustrado e cheio de ódio, ele embarcou no voo da Vasp armado com o revólver e mais de 90 balas como bagagem de mão. Na época, a segurança era frágil, e o sequestrador não foi revistado e nem passou por um detector de metais no aeroporto de Confins, em Minas Gerais.

- Ele queria se vingar do Sarney porque ficou desempregado e gastou todo seu dinheiro com a inflação. Enquanto estava preparando o sequestro, ele viajou várias vezes de avião e de ônibus para testar a segurança. Ia sempre com alguma coisa de metal parecida com uma arma. Como nunca foi impedido, resolveu ir adiante com o plano - conta o jornalista Constâncio Viana, que começou a pesquisar sobre o incidente há seis anos.

Depois de disparar contra o comissário de bordo no corredor da aeronave, Raimundo começou a atirar em volta da maçaneta da porta que isolava a cabine do piloto. Alguns tiros atravessaram a barreira, atingindo o painel de controle e ferindo a perna do co-piloto Ronaldo Dias, que estava de carona no voo. Para impedir que o atirador derrubasse o avião, o comandante Murilo, então com 36 anos, mandou o co-piloto Salvador Evangelista abrir a porta. Ao mesmo tempo, enviou pelo transponder da aeronave o codigo 7500, referente a "interferência ilícita", para alertar o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta).

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Raimundo entrou na cabine mandando o comandante alterar a rota do voo e se dirigir para Brasília, avisando que queria jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. Logo em seguida, o Cindacta respondeu ao alerta da aeronave, pedindo mais informações. Quando Evangelista se abaixou para responder à chamada, o sequestrador aproximou o revólver da cabeça dele e disparou um tiro na altura de sua orelha direita. Ao ver o co-piloto cair morto sobre seu assento, o comandante sentiu um misto de tristeza e desespero.

- O momento mais triste de todo o sequestro foi quando ele matou o Vangelis. Chorei muito. Pedi a Deus que me desse muita calma e me iluminasse para salvar todos que estavam sob minha responsabilidade. Isso me ajudou muito, me trouxe o equilíbrio necessário - relata o comandante, que hoje mora em Búzios, na Região dos Lagos, no Estado do Rio.

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O co-piloto Salvador Evangelista com sua filha, Wendy

Os dois eram amigos havia muito tempo, eles moravam no Rio, e um frequentava a casa do outro. Murilo é padrinho da filha de Evangelista, Wendy, que tinha 7 anos quando aconteceu o sequestro. Hoje, mãe de três filhos e psicóloga, ela critica a falta de segurança nos aeropostos na época e a falta de atitude do poder público mesmo depois do episódio.

- Ele entrou com 99 balas, podia ter matado o avião inteiro. Mesmo assim, as autoridades só tomaram as devidas medidas de segurança depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 (nos Estados Unidos) - lamenta Wendy, que se lembra com ternura dos momentos que viveu com o pai. - Ele foi meu herói. Vivemos apenas 8 anos juntos, mas estávamos sempre juntos. Tive mais pai do que muita gente na vida inteira.

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Passageiros apreensivos no aeroporto de Goiânia esperando desfecho do sequestro

Mesmo com o compadre morto a seu lado, Murilo se manteve calmo. Decidido a não entregar o destino de passageiros e tripulação nas mãos de um louco armado, o piloto usou experiência e habilidade para enganar o sequestrador. Eles foram para Brasília, mas o comandante sobrevoou a cidade por cima das nuvens, justamente para impedir o criminoso de localizar o Palácio do Planalto ou qualquer outro lugar sobre o qual ele poderia atirar o avião. Àquela altura, dois caças da Força Aérea Brasileira (FAB) já voavam ao lado, com ordens para derrubar o Boeing em caso de uma aproximação da área central da capital do país.

Raimundo mandou Murilo voar para São Paulo, mas o piloto, que já vinha alertando sobre a falta de combustível, avisou que o avião nunca chegaria até lá. O comandante sugeriu que eles fossem a Anápolis, que fica perto de Brasília, mas o sequestrador recusou. Foi então que, ao avistar a pista do aeroporto de Goiânia, o piloto, já desesperado com a falta de combustível, realizou uma manobra de altíssimo risco chamada tonneau, que consiste num giro completo sobre o eixo da aeronave. Ao ver que Raimundo não caiu mesmo depois daquilo, ele traçou uma trajetória vertical rumo ao solo, girando em parafuso. A queda livre de 9 mil pés deixou o sequestrador desacordado, e Murilo conseguiu aterrizar no Aeroporto Internacional de Goiânia, às 13h.

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Policiais Federais colocam o sequestrador Raimundo Nonato numa maca após tiroteio

Já no solo, o criminoso recobrou a consciência antes que o comandante pudesse desarmá-lo. Começou ali uma segunda fase do sequestro, que duraria mais cinco horas. Por volta das 15h, Raimundo liberou os tripulantes feridos, mas continuou com os mais de cem reféns dentro do avião. Sem desistir de seu objetivo inicial, ele exigiu um avião com tripulação para levá-lo a Brasília. Por volta das 18h, com uma aeronave parada na pista supostamente pronta para a viagem, Raimundo saiu do Boeing 737 cercado por Murilo e dois comissários de bordo, impossibilitando, assim, a ação de atiradores de elite que estavam prontos para matar o criminoso.

Dominado pelo sequestrador, Murilo entrou no outro avião, mas tomou um susto ao ver um atirador da Polícia Federal dentro da aeronave, apontando uma arma. Surpreso, Raimundo deu um tiro na perna do piloto, o que levou a um intenso tiroteio, durante o qual o criminoso foi baleado nas nádegas e num dos rins. Ele foi socorrido e passou dias no hospital. A equipe médica dizia que ele estava se recuperando bem, mas Raimundo morreu cinco dias depois do sequestro, em condições que levaram os médicos do Hospital Santa Genoveva a suspeitar de envenenamento. O legista Badan Palhares concluiu que o sequestrador morreu por anemia falciforme, que seria uma doença prévia ao incidente.

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O sequestrador Raimundo Nonato, em foto antes do crime

Segundo a produtora Joana Henning, da Escarlate, o filme sobre o caso vai deixar "no ar" as suspeitas sobre a morte do sequestrador. Ela diz que haverá um grande investimento para rodar as cenas dentro do avião de forma a transmitir toda a tensão do episódio. Uma aeronave será cortada para se transformar no set de filmagens, que incluirão sequências em gravidade zero, para simular o que estava acontecendo dentro do avião durante o tonneau realizado pelo comandante Murilo. Será necessário também um simulador de voo com espaço de câmera para gravar as cenas em que o sequestrador está com o piloto sob a mira de sua arma.

- Pouca gente se lembra desse sequestro ou sequer sabe que aconteceu. Então, é como se fosse uma história inédita, com reviravoltas e personagens complexos. O herói é o piloto, mas o Raimundo é um antagonista interessante. Ele quer se vingar do governo da época, que não deixa de ser um vilão, mas vai ser difícil alguém se identificar com um terrorista - argumenta a sócia da produtora, que também está trabalhando em filmes sobre os assassinatos do prefeito de Celso Daniel e da juiza Patrícia Acioli. - Nossa ideia é fazer filmes baseados em histórias reais e brasileiras com potencial para filmes de ação.

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Fernando Murilo hoje, aos 66 anos

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https://blogs.oglobo.globo.com/blog-do-acervo/post/sequestro-de-aviao-que-tinha-como-alvo-o-palacio-do-planalto-vai-virar-filme-30-anos-depois.html

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fromking
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Re: Sequestro de avião da Vasp vai virar filme 30 anos depoi

Mensagem por fromking »

Segundo a produtora Joana Henning, da Escarlate, o filme sobre o caso vai deixar "no ar" as suspeitas sobre a morte do sequestrador.
PQP, ainda vai querer aparecer com esta?
Já morreu tarde este FDP.
:shock:
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RurouniAndre
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Re: Sequestro de avião da Vasp vai virar filme 30 anos depoi

Mensagem por RurouniAndre »

Lembro vagamente do ocorrido.
Esperar p de qual é o do filme!

Até lá, estou igual ao Lobão:
"Eu ligo o radio e blá-blá"
:Tlk

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