Dortmund faz janela recorde para quebrar hegemonia do Bayern
Começa nesta sexta-feira a Bundesliga, um campeonato que é exemplo para o mundo inteiro por diversos motivos, sobretudo por sua organização. Pois a Alemanha passa a impressão de ter descoberto há tempos a receita para ter seus estádios invariavelmente lotados, da primeira à última rodada, esteja em campo o líder ou o lanterna. Grandes estrelas, campos em excelente estádio e nível técnico que está entre os melhores da Europa pavimentam a estrada do sucesso do campeonato, que, por outro lado, enfrenta um problema que põe em xeque todas essas virtudes: ano após ano o campeão é o Bayern de Munique.
O todo poderoso clube da Baviera é com sobra o clube com mais títulos: são 29 - o Nuremberg, em segundo nessa lista, tem nove. Mas o que desperta preocupação nos organizadores da Bundesliga é o histórico recente. Afinal, nas últimas sete temporadas, a taça foi parar no salão do Bayern. É a maior hegemonia da história do futebol do país.
Para entender esse fenômeno, basta a informação de que o Bayern de Munique fatura por ano o dobro do Borussia Dortmund, segundo clube mais rico do país. E aí entram diversos motivos, de patrocínios e acordos comerciais a cotas de televisão e bônus em competições. De acordo com um levantamento da Deloitte, o Bayern foi o quarto clube de futebol do mundo com maior faturamento no ano passado, com a quantia de €629 milhões entrando em seus cofres. O gigante de Munique perde apenas para Manchester United, Barcelona e Real Madrid nesse quesito.
Só para completar o panorama: os únicos alemães no top-20 dessa lista são Schalke 04 (em 16º, com €243,8 milhões) e Dortmund (em 12º, com €317 milhões).
Na tentativa de colocar um ponto final no jejum, o Borussia Dortmund se atirou no mercado e gastou o que jamais havia gasto numa janela de transferências. Os €127,5 milhões utilizados até o momento nas contratações de Hummels (€30,5 milhões), Thorgan Hazard (€25,5 milhões), Nico Schulz (€25,5 milhões), Julian Brandt (€25 milhões) e no disparo da cláusula de compra definitiva no contrato de Paco Alcácer (€21 milhões) representam um recorde para o clube.
Por outro lado, o Bayern de Munique não aguarda estático por alguém que o desbanque. A temporada 2019/2020, na verdade, significa o início de uma nova era no clube, que se despediu de jogadores como Ribéry (deve acertar com um clube árabe), Robben (se aposentou) e Rafinha (novo lateral-direito do Flamengo). Eles estavam na equipe respectivamente desde 2007, 2009 e 2011.
O que o clube faz é dar início ao processo de renovação obrigatório a qualquer time que deseja se manter no topo. As recentes chegadas de Arp (18 anos), Pavard (23 anos), Lucas Hernández (23 anos) e Alphonso Davies (18 anos) dão mais juventude ao elenco que começou a temporada passada com Hummels (30), Rafinha (33), Ribéry (36) e Robben (35).
Na última terça, a diretoria também anunciou a contratação de Perisic - este mais velho, 30 anos -, emprestado pela Inter de Milão. Pode ser que chegue mais gente até o fim da janela, que se encerra no dia 2 de setembro. Fala-se em Sané, do Manchester City, e Philippe Coutinho, do Barcelona.
A presença do UNION BERLIN é sem dúvidas uma das grandes atrações da temporada da Bundesliga. O tradicionalíssimo clube, fundado em 1906 e dono de uma torcida apaixonada, vai disputar a primeira divisão pela primeira vez em sua história. A equipe estreia no domingo, contra o RB Leipzig, às 13h (de Brasília), em casa.
O tamanho da festa após o acesso dá o tom do que se pode esperar dos jogos do clube modesto Stadion An der Alten Förstereim, capaz de receber pouco mais de 20 mil pessoas por partida. O Union Berlin tem espaço reservado na história por ter se colocado contra o nazismo na época da ditadura no país; e seus torcedores, diante da época de vacas magras, trabalharam de maneira voluntária nas obras de revitalização do estádio.
O PADERBORN, por sua vez, disputou a Bundesliga uma única vez. Mas os torcedores preferem não se recordar muito: a equipe terminou em último lugar na temporada 2014/15. Dessa vez, o clube que estava na terceira divisão há dois anos vem, portanto, de dois acessos consecutivos sob o comando do técnico Steffen Baumgart, de 47 anos.
Por último, mas não menos importante, o COLÔNIA foi campeão da segunda divisão e voltou à primeira depois da campanha desastrosa dois anos atrás, quando terminou em último lugar, com cinco vitórias nas 34 rodadas. Tricampeão alemão (1961/62, 1963/64 e 1977/78), o clube que dispensa apresentações tem no ataque a experiência de Anthony Modeste, que marcou seis gols em 10 jogos na temporada passada. O atacante francês de 31 anos tem passagens por times como Hoffenheim, Bordeaux e Nice.
A Bundesliga é, de maneira disparada, a liga europeia com maior média de público.