El lado oscuro de la luna
Era a primeira noite da semana de lua nova. A luz fraca dos postes deixava a aparência da “calle” mais lúgubre que um cemitério.Tal coisa deixava Leopoldo Thompson temeroso de caminhar por aquela rua naquela hora. No entanto, aquele era o único caminho capaz de levá-lo até em casa. Enquanto caminhava, pensava em quanto as coisas andavam difíceis naqueles últimos tempos. A música era sua paixão, mas definitivamente era complicado obter lucro suficiente para não ficar no vermelho antes do fim do mês. Não que ganhasse mal, mas às vezes gastava demais. Só para ficar ainda pior, suspeitava estar doente. Sentia constantes dores perto do fígado, mas não procurara um médico por não achar ser algo grave. Pelo jeito, porém, era. Ficou perto de chutar uma pedra de tão furioso que estava. Qualquer instinto agressivo, contudo, ficou para trás quando viu alguém.
Que vestido e penteado eram aqueles? Aliás, quem era aquela mulher de traços exóticos ali parada com um leque na mão?
- Eu o conheço? – disse ela para surpresa dele. Deus, ela tinha um espanhol bastante perfeito. Ele tinha, porém, a certeza de que ela não era dali.
- Não. E nem eu a você. É nova aqui? Está procurando alguém? Ou algum lugar para ficar? Está muito tarde, pode ser perigoso – disse ele algo nervoso e em razão disso apertando o cabo da caixa do violão.
- Já vivo nessa cidade tem alguns anos. Meu amo me trouxe após arrumar um novo discípulo, de quem estou cuidando no momento – respondeu ela gentilmente.
As palavras dela criaram grande confusão nele. Amo? Discípulo? Cuidando?
- Você então é... criada de alguém? Quer dizer... – ele dizia quando foi interrompido: - Não exatamente uma criada. Estou mais para... secretária do lar. Faço de tudo e mais um pouco. E você?
- Sou músico. Violonista, para ser preciso. Toco na Orquestra Julio de Caro. O clube não fica muito longe daqui. Estou indo pegar o bonde, na próxima rua. Se quiser, pode vir comigo. Suponho que... você está perdida – disse ele mesmo sabendo que não soaria muito educado.
- Na verdade eu sei onde estou. E agora descobri quem estou procurando. É o senhor. Meu amo admira muito suas habilidades e gostaria de vê-lo tocar ao vivo. Importa-se? – sorriu ela de tal forma que se Leopoldo fosse um sorvete, teria derretido.
- Estou honrado, mas, tem que ser agora? Está muito tarde e preciso dormir. Senão estarei horrível depois – respondeu ele educadamente, mas cheio de vontade de ir com ela.
- Não se preocupe. Eu posso deixá-lo como novo depois da apresentação. Será apenas uma hora. Topa então? – disse a exótica mulher aproximando-se.
- Como se chama? – perguntou Thompson fascinado pelo perfume que exalava dela.
- Okuni – respondeu ela alegre.
- Eu só quero saber com quem estou. Agora que eu sei, irei com você. Apenas uma hora. Tudo bem, acho que posso dormir mais tarde – riu Leopoldo.
Sem mais demora, o violonista acompanhou a misteriosa mulher exótica. O trajeto durou alguns minutos até outra parada de bonde. E levou pelo menos mais quinze até outra parte da cidade. Quase no fim da capital. “Que longe vive esse tal amo”, pensou Thompson vendo-se diante de uma casa de tamanho considerável possuidora de inesperada composição externa.
- Desculpe a pergunta, mas, que tipo de residência é essa? – perguntou ele tentando imaginar se já tinha visto aquilo.
- É única do tipo na Argentina. Meu amo construiu-a baseada no país natal dele, o Japão. Caso você esteja se perguntando, também sou de lá – respondeu Okuni fechando o leque e tirando os sapatos.
- Isso explica seus traços e... seu figurino. Nunca vi nada parecido – disse ele impressionado.
- Verá bem mais – Okuni desfez o penteado, revelando uma longa e negra cascata que encantou o músico. E que também o espantou, dada a elaboração que aparentemente não permitia um soltar tão simples.
Leopoldo, imitando o que via, também tirou os sapatos. Entrou em seguida, seguindo o chamado dela. Por dentro, a casa era diferente de tudo o que ele já tinha visto até então. A decoração era algo a ser notado. A construção parecia frágil como uma rosa, mas certamente era bem estruturada. Thompson continuava a seguir Okuni. Chegaram ao que certamente era a sala das visitas. Um homem parecia aguardá-los. O visitante saudou-o do modo como conhecia e recebeu o mesmo cumprimento. O músico, porém, viu-se obrigado a comentar: - Os homens no Japão também usam vestidos?
- Isto não é um vestido, é um kimono, señor Thompson – respondeu ele firme para depois dizer: - Entendo, no entanto, sua gafe. Imagino que seja a primeira vez que está em uma casa desse tipo. E que vê roupas desse estilo.
- Certamente. E estou surpreso que admire minhas habilidades. Confesso que nunca vi o senhor no clube onde toco – o músico via-se outra vez surpreso. No entanto, estranha sensação de familiaridade apoderava-se dele.
- Eu não costumo sair muito, mas fiz isso o suficiente para conhecê-lo e admirá-lo – respondeu ele para em seguida colocar a mão na cabeça como quem mostrasse algum esquecimento: - Desculpe a falta de educação. Me chamo Yatagarasu. Suponho que conheça minha querida Okuni.
- Sim, nos vimos quando eu ia pegar o bonde para casa. No entanto, vim parar aqui com ela. O que deseja que eu toque? – Leopoldo perguntou observando-o.
- Okuni, pegue a lista de tangos que selecionei. Está no meu escritório – disse ele ao que ela imediatamente saiu. Voltou dois minutos depois com um papel cuidadosa e refinadamente escrito. Deu-o a ele: - Toque para nós.
- Com prazer – disse ele para em seguida tirar o violão da caixa aonde o carregava. Afinou-o com todo o cuidado para evitar que alguma nota saísse do tom.
Em seguida dedilhou as cordas do instrumento com todo o talento que possuía. A hora de apresentação passou-se com o absoluto silêncio dos dois acompanhantes. A despeito disso, eles pareciam genuinamente admirar aquelas notas. Leopoldo Thompson perguntava-se qual era a música típica daquele país com nome tão engraçado. Ao finalmente parar de tocar, estranhou que eles permaneciam parados sem nada dizer. Olhou-os: - Gostaram?
- No Japão, o silêncio é a melhor forma de demonstrar total apreciação do que foi apresentado – respondeu o homem para um sorriso de Okuni: - Ele quis dizer que nós gostamos muito de sua apresentação.
- Eu definitivamente não estou acostumado com essas inversões – disse ele mesmo temendo soar mal educado.
- Não pense nisso como uma inversão. É apenas o modo de pensar do meu povo – disse Yatagarasu sorrindo curto.
- Entendo – disse ele um pouco nervoso. De repente, sentiu uma pontada de dor próxima do fígado.
- Sente-se mal? – disse o anfitrião surpreso.
- Eu não estou nos meus melhores dias. Essa dor me pega sempre desprevenido – respondeu ele tentando disfarçar a intensidade do ocorrido.
- Você precisa de um banho e longo tempo de descanso. Portanto, fique aqui até a manhã chegar. Não é recomendável que tente voltar neste estado – disse Yatagarasu para a surpresa do músico: - Eu... não sei o que dizer.
- Apenas aceite meu convite. Garanto que estará como novo pela manhã. Estará bem assistido enquanto estiver aqui – respondeu o dono da casa como se dissesse que não aceitaria qualquer recusa.
Leopoldo Thompson viu-se sendo levado por Okuni para um quarto de hóspedes que ficava um andar acima de onde eles estavam. Ele disse observando o local: - Onde está a cama?
A bela mulher apontou um colchão cuidadosamente posicionado: - Isto é a cama. Chamamos de futon.
- No Japão todos dormem assim? – o músico riu levemente.
- Outro costume do nosso povo, senhor Thompson. E neste quarto há um banheiro onde você poderá banhar-se depois que eu preparar tudo. Tire a roupa enquanto espera. Vista o kimono que está no futon caso sinta frio – disse ela educadamente, mas escondendo um sorriso.
Ele assentiu silenciosamente. Ela entrou no banheiro logo depois. O músico, por mais estranho que aquilo fosse, despiu-se. Não sentiu frio algum apesar de usar apenas uma toalha para cobrir a nudez. A dor ainda era grande, mas ele conseguia conter-se. Uma voz chamou-o alguns minutos depois:
- Está pronto, venha.
O banheiro era pelo menos três vezes maior que o cubículo localizado em seu apartamento. “Quero viver numa casa dessas”, pensou ele encantado com o local. O encantamento, por sua vez, aumentou quando ele viu Okuni sem o kimono. Um tecido amarrado de maneira estranha mal cobria as partes sensíveis dela. Lepoldo viu-se na obrigação de comentar:
- Yatagarasu não vai ver problema nisso? A senhorita está praticamente nua.
- Eu disse que o deixaria como novo. O kimono atrapalharia os movimentos de shiatsu que farei para aliviar sua dor – respondeu ela para dizer em seguida: - Caso não entenda, o shiatsu é uma técnica oriental de massagem que consiste em aliviar ou até mesmo curar os sintomas de várias doenças.
- Acho que entendo. É que... eu nunca ouvi falar disso – disse ele temeroso de parecer ignorante.
- Compreendo – disse ela indicando que ele primeiro tomasse banho para depois deitar-se no futon do dormitório.
Ele banhou-se e fez uma boa higiene bucal. Permaneceu algum tempo. A água daquela enorme tina de madeira era a mais relaxante dentre todas nas quais se banhara até então. O perfume era delicioso. Excitante. Tanto quanto aquela linda mulher oriental esperando para massageá-lo. Saiu do banheiro enrolado na toalha após secar-se. Deitou-se de bruços como ela havia indicado.
As mãos dela começaram a trabalhar. Os dedos pressionavam com força e ao mesmo tempo delicadeza. O corpo inteiro recebeu a pressão daqueles delicados dedinhos. O músico viu-se relaxando como nunca. Parecia até que ele estava curado de todos os seus problemas. Bem que tentou não se animar, porém, era impossível não ocorrer. Ainda mais porque o corpo seminu dela constantemente encostava-se ao dele. Segurava a custo os gemidos, mas alguns saíam entredentes. Okuni parecia rir da situação embora não mostrasse. Algum tempo se foi até ela terminar a sessão.
Percebeu-se bastante relaxado e ao mesmo tempo cansado. Adormecera logo em seguida. Seu sono não tivera sonho ou pesadelo. Mergulhou no vazio por horas. Acordou no meio da manhã ainda desnudo e de bruços. Perguntou-se onde estariam suas roupas quando viu um pacote ao lado do futon. Sentou-se e olhou-o. Havia um bilhete: “Considere isto como uma recompensa por sua excelente performance. Yatagarasu.”
Abriu o presente. Aquele terno era decididamente a coisa mais refinada que já tivera desde muito tempo. O corte era dos mais finos, possivelmente custara um bom dinheiro. Observando aquele traje, lembrou-se de algo acontecido há pelo menos dez anos. Ele já tinha visto aquele homem! Só que Yatagarasu estava usando um terno tipicamente metropolitano. Deus, a diferença era da noite para o dia: - Nossa, eu nunca ia reconhecê-lo com o kimono! Como eu havia me esquecido daquela bebida estranha que ele me ofereceu?
Foi quando enxergou as roupas cuidadosamente dobradas do outro lado do cômodo. Levantou-se e vestiu-se. Fez a higiene matinal. Saiu do quarto. A casa estava silenciosa de tal maneira que ele seriamente teve a certeza de não ter ninguém. Teve a curiosidade de andar pelo local inteiro, mas o estômago logo lhe avisou de precisar comer.
No que parecia ser a sala de jantar, a qual ele encontrou após considerável volta, uma farta mesa estava pronta. E outro bilhete: “Perdoe-me não poder desfrutar desta bela mesa em sua agradável companhia. Tive de sair para cumprir alguns compromissos. Okuni encontra-se comigo. Desfrute o quanto quiser. Um motorista o espera para levá-lo de volta à sua casa quando terminar seu desjejum. Atenciosamente, Yatagarasu.”
- Que educado, apesar de tudo. Espero que ele não tenha saído de kimono. Todo mundo ia olhá-lo estranho – Thompson comentou consigo mesmo enquanto servia-se de pão, leite e café. A mesa toda era composta não apenas do básico, mas também de comidas para ele desconhecidas. Ficou receoso de provar, mas o fez logo após comer um bom pedaço de pão com patê. O paladar não era acostumado com o sabor estranho, mas mesmo assim apreciou. Leopoldo pegou um pouco de cada coisa. Todas eram igualmente boas. Aquela era a comida típica do Japão? Se fosse, por Deus, era melhor do que ele esperava. Perguntou-se como era feita e com que ingredientes. Possivelmente dos mais refinados. E certamente caros.
Era bem óbvio, considerando a casa onde Yatagarasu morava. Aquele lugar provavelmente havia custado pelo menos um rio de dinheiro e a estrutura dele em nada se parecia com qualquer coisa vista antes. Que sonho seria viver em uma casa daquelas, pensou ele enquanto finalmente saía. O motorista pacientemente esperava e ao vê-lo, o cumprimentou e indicou o banco do carona. Leopoldo acomodou-se. Foi levado a seu apartamento em pouco mais de trinta minutos. O local tão pequeno e simples de repente pareceu pouco encantador comparado à imensa casa de Yatagarasu. Tinha voltado à realidade, no final das contas. Perguntou-se se algum dia veria algum deles novamente.
Quis dizer um puro e simples não, porém, estava incerto por alguma razão.
...
A repentina morte de Leopoldo Thompson, naquela noite de 21 de agosto, deixou todos desconcertados. Ninguém sabia ao certo como acontecera. Ele tinha sido encontrado morto logo após uma apresentação. Lembravam-se dele ter tomado uma bebida gelada antes de ausentar-se para ir ao banheiro. Possivelmente uma aguda crise hepática, ou uma pancreatite, causara o falecimento. Não era segredo suas muitas dores próximas ao fígado que ele andava sentindo naqueles últimos tempos. No entanto, Thompson era teimoso demais para procurar um médico. A música o envolvia demais. Era a paixão de sua vida. E de certo modo, causara sua prematura partida.
O funeral estivera bem cheio durante a tarde. Depoimentos consternados, encomendação da alma, lágrimas inúmeras. Tudo se acumulava sobre aquele caixão sendo agora depositado na terra levemente úmida. O coveiro responsável silenciosamente trabalhara naquele caso. Impressionara-se com o corte do terno usado pelo cadáver. Devia ser do melhor feitio. Pena que com o tempo a roupa iria se decompor e virar um punhado de tecido podre.
Ele foi à casinha recolher seus pertences. Seu trabalho tinha terminado por aquele dia. A tarde transformava-se em mais uma noite sem luar. Era a semana da lua nova. O lado escuro mostrava-se durante sete noites. Agradeceu por sua sorte. Outros coveiros sempre diziam ver coisas estranhas quando saíam do expediente. Ele, por sua vez, nunca tinha visto qualquer coisa fora do comum. Exceto naquele momento em que caminhava à saída. Um rapaz não muito passado dos trinta encontrava-se sentado em um dos jazigos. Todo de preto. Os olhos claros. As mãos pousadas sobre as pernas. Tinha uma aparência amigável a despeito da cor das roupas e das unhas em corte estranho.
- Olha, moço, o cemitério vai fechar. Melhor nós sairmos – disse o coveiro cordial.
- Não ainda. Por isso estou aqui. Espero alguém – respondeu ele sorrindo. O homem assustou-se ao ouvi-lo. Aquela voz era de homem, mas parecia não ser daquele mundo. E os olhos pareciam ter algo de etéreo. Como se a qualquer momento fossem ler o mais fundo da alma de outrem.
- Tudo bem, mas a administração vai ficar zangada se ver alguém transitando por aqui quando a noite cair – disse o coveiro tentando deduzir que motivo levara aquele rapaz até ali.
Ele saía quando se viu puxado de volta pelo que parecia um irresistível comando vocal: - Fique comigo enquanto o cemitério estiver aberto. Eu gosto de companhia.
O trabalhador não queria ficar, mas tornava-se impossível sair dali. Não compreendia como ele podia ser capaz de prendê-lo com apenas uma frase: - Como...?
- Me perdoe, mas irei precisar de você por alguns momentos – respondeu o jovem pegando o braço dele com uma mão. Com a outra, “comandou” que ele fechasse os olhos e ficasse calmo. Acabaria rápido.
O jovem de preto mordeu o pulso do senhor sem pensar duas vezes. Usou suas presas antes escondidas para perfurar uma veia daquele homem e assim alimentar-se. Bebeu o suficiente para satisfazer-se por algum tempo. Se novamente tivesse fome, caçaria outro. Até porque tinha de manter o coveiro inteiro para quando o novo vampiro despertasse de sua tumba. “Não vai demorar”, pensou ele. Nunca demorava. Os discípulos do corvo de três pernas sempre despertavam logo após o cair da noite. E com pelo menos algumas horas de enterro.
A terra do então imaculado túmulo recente remexeu-se com intensidade. Um corpo masculino projetou-se com absurda rapidez, deixando um caixão todo quebrado para trás. O cadáver agora redivivo procurava entender. Como assim ele estava vivo?! Por que suas unhas tinham crescido daquela maneira? Por que a cor de sua pele estava tão desbotada? Por que de repente todos os seus sentidos pareciam ter ganhado um novo poder?
- Por que...?! – ele de repente sentiu um “estouro” dentro de si. Seu corpo inteiro dizia uma palavra. Uma única palavra que ele não conseguia traduzir verbalmente, mas ardentemente desejava. O desejo vinha na forma de um par de olhos rubros e dois caninos sobressalentes. Foi quando seu olfato o levou cemitério afora. Descobriu a palavra ao ver um homem sustentado nos braços de um jovem: sangue. Foi contido com único movimento: - Acalme-se. Beba, mas não o mate.
- Fome... Muita fome – de repente Leopoldo Thompson parecia ter esquecido toda e qualquer moralidade ou bom senso.
O jovem, apresentando-se como Peregrino Paulos, ofereceu-lhe o alimento. Thompson aceitaria quando uma reconhecível voz ouviu-se ali próxima: - Não se faz necessária sua ajuda. Embora eu muito agradeça por sempre observar o “nascimento” de meus meninos e meninas junto de sua querida Dora.
- Fome... Sangue – Leopoldo lambia os lábios em ansiosa expectativa.
Yatagarasu logo colocou diante dele um homem inconsciente. O japonês achou que um criminoso não faria falta à sociedade, por isso o escolheu para alimentar seu novo filho. O neófito bebeu até a última gota. Sentiu-se saciado. Satisfeito, na verdade. O frenesi da sede logo sumiu. A realidade deu-lhe uma bofetada forte. Quis gritar, socar, chutar, matar e todas as reações ruins para um caso daqueles, mas o Ancestral logo pôs suas mãos sobre ele, transmitindo-lhe uma explicação rápida e simples do que acontecera.
Thompson viu-se chocado. Sua doença era mesmo avançada. Seu tempo de vida era muito pouco. O japonês agora revelado um vampiro extremamente poderoso e antigo, dera-lhe uma chance de continuar. No entanto, a continuação de sua vida era um sonho remoto. Tudo o que ele podia fazer agora era ir com seu novo mestre e aprender tudo sobre os vampiros. E um dia, se ele desejasse, poderia tomar qualquer decisão, mesmo a pior de todas. Yatagarasu sempre dava escolhas aos seus filhos. Achava a liberdade o mais belo dom que a humanidade possuía.
E naquele momento, Leopoldo Thompson não tinha nenhuma certeza sobre por qual estrada queria andar.
Personagens históricos: Leopoldo Thompson
Peregrino Paulos